quarta-feira, 11 de março de 2015

Introdução as tríades e as tétrades

Introdução


Neste tópico começaremos a trabalhar com acordes, o vocabulário básico da harmonia tonal. Nós não nos preocuparemos, neste estágio, em como os acordes são usados composicionalmente ou mesmo quais os tipos de acordes que ocorrem nos  modos maior e menor. Primeiro deve-se aprender como descrever os tipos mais comuns de acordes e como reconhecê-los em vários contextos.

Tríade


A harmonia tonal faz uso de acordes construídos  em terças sobrepostas. A sonoridade básica deste tipo de acorde é a tríade, um acorde de três notas que consiste num intervalo de quinta dividido em duas terças sobrepostas. Existem quatro formas possíveis de combinar terças maiores e menores para produzir uma tríade.


Os nomes e abreviações para estes quatro tipos de tríades são dadas no exemplo abaixo:

Experimente tocar estas tríades a partir do C3

Toque as tríades e compare a sonoridade delas. Você poderá adivinhar ao ouvi-las que, na música tonal, tríades maiores e menores são encontradas frequentemente, e que a tríade aumentada menos frequentemente.. Existem também nomes (em adição aos nomes das notas) para cada membro da tríade. Veja o exemplo abaixo:



Tétrades


Se extendermos uma tríade adicionando outra terça acima da quinta, o resultado é um acorde de quatro notas. Pelo fato de que o intervalo entre esta nota adicionada e a tônica formam algum tipo de sétima (maior, menor, ou diminuta), acordes deste tipo também são chamados de acordes com sétima ou tétrades.

O fato de podermos usar mais do que um tipo de sétima para cada tríade nos revela que existem mais tipos de tétrade do que de tríade.. Contudo, a harmonia tonal geralmente só utiliza cinco tipos de tétrades. No exemplo abaixo, você encontrará o nome mais comumente usado para cada acorde e o símbolo usado como abreviação. Certifique-se de tocar os acordes do exemplo abaixo para se familiarizar com cada um desses acordes.



Pratique os acordes acima. Tente formá-los em outras tonalidades.



Aprenda Música - Intervalos

Intervalos

A classificação de intervalos obedece a distância existente entre duas notas musicais. Assim podemos definir que um intervalo musical é a distância de altura entre dois sons musicais, tanto do ponto de vista puramente auditivo quanto do ponto de vista gráfico (da notação musical).

Os intervalos podem ser classificados de acordo com o tipo de textura musical: Intervalo melódico é formado por duas notas sucessivas e pode ser ascendente ou descendente. Ainda pode ser formado ou não por intervalo conjunto (são notas consecutivas) ou disjunto (notas não consecutivas). Intervalo harmônico é formado por duas notas simultâneas. Intervalos simples e compostos: os intervalos simples são os que estão contidos no âmbito de oito notas, ou seja, uma oitava. Já os intervalos compostos são aqueles que extrapolam o âmbito de oito notas consecutivas, ou uma oitava. 

Classificação dos intervalos


A classificação dos intervalos é feita de acordo com o número de notas contidas no intervalo. Por exemplo, dó–ré é classificado como uma 2 a pois contém duas notas; sol–ré, é classificado como uma 5 a pois contém cinco notas. Devemos lembrar que para a classificação dos intervalos não consideramos acidentes os acidentes aplicados à cada nota ou diferentes claves.
















Qualificação de Intervalos


Os intervalos são qualificados de acordo com o número de tons e semitons de que são compostos. Uma qualificação básica de intervalos é a seguinte:

Intervalos Justos: 1 ª, 4 ª, 5 ª, 8 ª.

Intervalos maiores ou menores: 2ª, 3ª, 6ª, 7ª. Segue uma pequena tabela com os intervalos simples e sua qualificação:














Intervalos Justos



Intervalos Menores










Intervalos Maiores















Intervalos aumentados e diminutos


Intervalos aumentados são aqueles que têm na sua constituição um semitom a mais que os intervalos justos ou maiores.

Intervalos diminutos são aqueles que têm na sua constituição um semitom a menos que os justos ou menores.

Ainda podemos qualificar alguns intervalos como superdiminutos ou superaumentados. Os superdiminutos são aqueles que têm um semitom a menos que os diminutos; e os superaumentados têm um semitom a mais que os aumentados. 


Intervalos Aumentados








Intervalos Diminutos















Inversão de Intervalos


Inverter um intervalo consiste em trocar a posição das notas, isto é, transportar a nota inferior do intervalo uma oitava acima, ou a nota superior uma oitava abaixo.
Quando invertemos um intervalo melódico, a seqüência das notas não se altera. Ou seja, a primeira nota do intervalo original continua sendo a primeira nota do intervalo invertido.

Quando da inversão de intervalos ocorre uma mudança na classificação e qualificação dos intervalos. Assim, os intervalos de 2ª tornam-se 7ª, os de 3ª tornam-se 6ª, os de 4ª tornam-se 5ª, os de 5ª tornam-se 4ª, os de 6ª tornam-se 3ª, e os de 7ª tornam-se 2ª. Resumindo, a soma do intervalo original e sua inversão deve ser igual a nove, por exemplo, o intervalo de 2ª e sua inversão 7ª, somados igualam 9.












A qualificação de cada intervalo na sua inversão muda de:
Maior para menor
Menor para maior
Aumentado para diminuto
Diminuto para aumentado

Mas lembre-se que somente os intervalos justos permanecem justos.


Intervalos Compostos


São os intervalos que ultrapassam o limite da oitava, ou oito notas. Podemos entender que um intervalo composto é um intervalo simples acrescido de uma ou mais oitavas.

Para modificar um intervalo simples em composto: acrescenta-se uma ou mais oitavas ao intervalo simples; e para modificar um intervalo composto em simples: subtraem-se as oitavas até chegar-se a um intervalo simples.

A classificação permanece a mesma nos intervalos compostos, com exceção da classificação numérica.

Atenção: no estudo da harmonia tonal consideramos a classificação dos intervalos sempre em relação a um intervalo simples, mesmo que em um determinado acorde esteja grafado um intervalo composto.

segunda-feira, 9 de março de 2015

Yamaha 40 anos de sintetizadores - Capítulo 5 (final)


Os MOTIF ® (2001), MOTIF ES (2003), MOTIF XS (2007) e MOTIF XF (2010) foram, sucessivamente, lançados como modelos de ponta na sua classe de produtos. Os sintetizadores da Yamaha ajudaram na criação de muitas músicas famosas e representativas da sua época, desde o lançamento do primeiro modelo, o SY-1. Em 2014, a Yamaha celebrou 40 anos de produção de sintetizadores e em comemoração desse aniversário foi lançada uma versão do MOTIF XF toda em branco, a cor que simboliza um regresso às raízes dos sintetizadores da Yamaha.

Capítulo 5: Todos os instrumentos musicais que compõem a série MOTIF®


A mais avançada workstation

A decisão da Yamaha de ouvir mais atentamente as opiniões dos seus clientes revelou-se uma grande aposta para desenvolver instrumentos, tais como o S80, que reuniram imensos elogios por vários motivos, nomeadamente como teclados de palco. Dito isto, os esforços empreendidos para criar um sucessor digno dos sintetizadores do tipo workstation da série SY e EX não trouxeram os resultados esperados quanto ao lançamento de instrumentos que se tornassem um sucesso de vendas.
Como resultado de avanços impressionantes ao nível das tecnologias computorizadas, e da consequente baixa de preços associada, o início dos anos 90 assistiu a uma migração progressiva da produção musical para sistemas assentes em computadores. Porém, isso implicava também conhecimentos técnicos consideráveis, de forma a tirar o maior partido possível dos computadores existentes nessa época, e isto terá elevado demasiado a fasquia para o músico comum. Como resultado desta tendência, a workstation acabou por se tornar o instrumento ideal e mais completo para fazer face às necessidades da produção musical. Na segunda metade da década, progressos significativos nos sistemas operativos Windows e Macintosh tornaram possível, para aqueles que possuem poucos ou nenhuns conhecimentos informáticos, usar computadores com confiança; e muitos músicos - tanto profissionais, como amadores - começaram a construir os seus sistemas de produção com base em computadores. Apesar de a workstation ser especialmente indicada para fazer música profissional sem a necessidade de recorrer a outros equipamentos, começou a ficar aquém das exigências do mercado face a estes avanços tecnológicos. Em resposta, a Yamaha concentrou a sua atenção no desenvolvimento de novos sintetizadores do tipo workstation que fossem capazes de ir ao encontro dos seguintes três objetivos.
1. Som excecional 
As novas workstations da Yamaha deveriam ser capazes de oferecer sons expressivos de uma forma prática, tanto no âmbito da gravação como da atuação ao vivo. Este objetivo não assenta apenas nas vozes dos instrumentos individuais, mas seria aplicável ao som em geral, a tudo o que estimulasse a criatividade musical. Espera-se que um sintetizador seja capaz de apresentar toda uma miríade de sons diferentes, mas de forma a ser levado a sério enquanto instrumento musical, a qualidade desses mesmos sons é decisiva.

2. Simplicidade na criação musical
Não poderíamos permitir que uma operacionalização complexa se tornasse uma distração à criatividade inerente ao processo de produção musical. Por este motivo, foi necessário melhorar a qualidade elevada do nosso hardware de forma a aperfeiçoar ainda mais o interface de utilização para permitir criar um som fantástico de uma forma simples e rápida.

3. Integração com PC
Adotamos uma abordagem radicalmente nova para o sintetizador do tipo workstation ao valorizar a obtenção da maior compatibilidade e afinidade possível com computadores. As nossas workstations não poderiam ser apenas feitas para a produção de música enquanto instrumentos independentes; teriam igualmente de ser capazes de desempenhar um papel protagonista no âmbito de sistemas construídos em torno de PC`s.


Raiar da era MOTIF

A Yamaha tinha vindo a trabalhar no desenvolvimento de um novo tipo de workstation, sob o nome de código Canguru, com o objetivo de criar um instrumento de ponta capaz de satisfazer todos os requisitos acima enunciados. Para atingir este fim focámo-nos no aperfeiçoamento das PCM waveforms (ou seja, os dados crus de samples), que tinham vindo a ser progressivamente melhoradas desde o desenvolvimento do modelo S80, com a funcionalidade inteligente de arpeggiator e o suporte de controlo remoto de estações de trabalho digitais de áudio (DAWs). Desenvolvido com base no projeto Canguru, como um produto com viabilidade comercial, o sintetizador workstation MOTIF, desde o seu lançamento em 2001, teve um impacto massivo no universo dos sintetizadores.
Antes do MOTIF, a nossa série de workstations EX vinha equipada com muitos dos sistemas de geração de sons que haviam sido desenvolvidos até à data, tais como o VL e o AN. Contudo, a Yamaha selecionou o AWM2 como a tecnologia de geração de sons de base para o MOTIF, e incluía ainda suporte para todos os outros sistemas de geração de sons existentes através da forma de cartões/placas plug-in, o que permitiu obter um equilíbrio perfeito entre simplicidade, conveniência e capacidade de expansão. No início da década de 2000, os loops áudio - ou seja, seções curtas de faixas de bateria e outros instrumentos com várias batidas na sua extensão - estavam a tornar-se muito populares juntos dos produtores de música e, de forma a suportar esta abordagem à criação musical, as workstations MOTIF apresentavam um Sequenciador de Sampling Integrado, o Integrated Sampling Sequencer, ou (ISS). Com recurso a esta funcionalidade, os sintetizadores podiam automaticamente detetar as batidas num loop áudio, separá-lo em parcelas e aplicar um som com características naturais a cada peça. Podia depois ser aplicada temporização inteligente. Noutras palavras: o loop áudio podia ser reproduzido com diferentes tempos sem soar a estranho. O ISS também podia redistribuir a ordem das peças de forma a criar ritmos completamente novos. E uma vez que o pitch podia ser alterado sem ter de modificar o tempo, o ISS era extremamente eficaz tanto com peças musicais, como com loops de percussão. Graças a esta funcionalidade inovadora, os proprietários do sistema MOTIF podiam agora criar ritmos e músicas de forma altamente intuitiva ao combinar faixas MIDI com áudio - uma funcionalidade tida agora como certa com qualquer sistema moderno DAW.
TO MOTIF também oferecia um arpeggiator inteligente, eficiente tanto para arranjos como para música ao vivo. O termo "arpeggio" pode lembrar um músico a suster um acorde e o seu sintetizador a reproduzir automaticamente as notas subsequentes, para cima ou para baixo, porém, o MOTIF ultrapassava em muito esta abordagem na sua implementação. Por exemplo, um arpeggiator configurado para tocar as notas G, A, e G quando G estava a ser tocado no teclado, também podia ser configurado para o fazer apenas numa banda mais elevada de velocidade, o que significava que um efeito suspenso também podia ser reproduzido com vozes, tais como a flauta ou guitarra, simplesmente ao pressionar a tecla com mais força. Assim, em vez de se limitar a gerar música em escalas, ascendentes ou descentes, o arpeggiator MOTIF podia também ser empregue de outras formas variadas para tornar um desempenho mais expressivo, enriquecendo com criatividade trechos que antes não soavam com o mesmo nível de inspiração ao serem tocados simplesmente com recurso a um teclado. Não é, assim, surpreendente que os arpejos se tenham tornado uma das funcionalidades mais populares do MOTIF.

Inovação em Hardware

Para além de extensos aperfeiçoamentos ao nível do software, o MOTIF também apresentava hardware com especificações técnicas que o diferenciavam significativamente dos sintetizadores anteriormente lançados pela Yamaha. Logo à partida, todos os instrumentos nesta série tinham as mesmas funcionalidades de geração de sons, independentemente das dimensões do teclado. Antes, o número de teclas que compunha o teclado do sintetizador, as suas dimensões e o alinhamento das suas funcionalidades dependia do facto de ser dirigido a profissionais, à utilização em palco, ou a músicos amadores. Contudo, as variações de teclados (com 61, 76 e 88 teclas) dos sintetizadores MOTIF vinham todas equipadas com a mesma capacidade de geração de sons. O modelo de teclado de 88 teclas tinha um design mecânico ligeiramente distinto, mas não havia diferenças em todas as versões quanto ao número de marcadores e de vozes. Se, por exemplo, possuísse um MOTIF de 61 teclas mas precisasse de tocar um modelo de 76 ou 88 teclas para um ensaio, num estúdio de gravação, ou alugado para uma tournée, esta abordagem inovadora significava que o poderia utilizar com total confiança e sem qualquer perda da sensação de familiaridade com o instrumento. Esta vantagem era ainda reforçada pela inclusão de suporte a memória flash, permitindo que dados de sequências e vozes pudessem ser facilmente armazenados em cartões de memória. Com todos os dados gravados num único cartão era, assim, mais simples recriar o ambiente de reprodução musical preferido em qualquer instrumento MOTIF, em qualquer parte do mundo.
Entretanto, os faders e marcadores ergonómicos, dispostos no canto superior esquerdo do painel, podiam ser usados para um controlo em tempo real das vozes e arpejos do MOTIF, assim como o software DAW a correr num computador. Estas características, que refletem o objetivo de atingir uma melhor integração com computadores por parte do sintetizador, permitiram ao sistema MOTIF ser concebido como centro de um sistema de produção computorizado através de ligações USB e cabos MIDI.
Todavia o MOTIF também apresentava muitas mais funcionalidades importantes para o desempenho de um sintetizador workstation profissional. Por exemplo, as bibliotecas de sampling, ferramentas usuais entre os produtores profissionais da época e que podiam agora ser importadas, assim como o facto de o instrumento também suportar saída digital de dados para uma ligação digital direta ao equipamento de estúdio. Para além disto, o design físico do instrumento, tal como as suas cores, causavam um impacto muito positivo em palco. Também neste âmbito, a série MOTIF espelhava as opiniões dos utilizadores e conseguiu ir bem além dos três objetivos originais estabelecidos pela Yamaha.
Ao oferecer tanto a um músico, não é de estranhar que a série MOTIF tenha sido muito bem recebida aquando do seu lançamento. Ao nível da qualidade do som, os aperfeiçoamentos progressivos realizados às waveforms integradas, usadas em primeira instância como base dos padrões de fundo, fez com que os sons do piano elétrico, baixo e guitarra elétrica fossem alvo de extensos elogios. A qualidade dos efeitos áudio integrados do instrumento também foi imediatamente alvo de reconhecimento e o MOTIF tornou-se rapidamente um equipamento standard para muitos estúdios de gravação profissionais. Entretanto, o ISS tornou possível que técnicas de produção musical focadas no sampling de percussão fossem facilmente aplicadas, assim como outros métodos anteriormente só disponíveis para produtores de dance music e que eram agora recurso habitual de artistas de música pop. Uma vez que o som hip-hop começava a ganhar peso nas tabelas de sucessos musicais dos EUA, somente depois da introdução do MOTIF é que os sintetizadores começaram a ter um maior impacto no panorama musical da época.

Evolução com Grandes Sons

Após terem recuperado o ritmo, os técnicos que desenvolveram o MOTIF começaram a trabalhar num sintetizador de segunda geração e a mudança mais notória no MOTIF ES assentou na dupla memória para waveforms integradas. Especificamente, os 85 MB de memória originalmente reservados a estes dados passaram para 175 MB, permitindo armazenar muitos mais dados de sampling na memória do instrumento. Este significativo aumento de memória não contribuiu simplesmente para armazenar mais sons individuais: a capacidade de memória de waveforms contribuiu também para uma melhoria na qualidade das vozes de sampling. Para compreender melhor esta noção podemos tomar como exemplo um som de piano: como se percebe na ilustração, um sample de piano atenua-se progressivamente ao longo do tempo, e no caso de um piano de palco pode levar até dezenas de segundos para cada nota desaparecer totalmente. Armazenar toda esta informação num sintetizador rapidamente encheria a memória pelo que, como alternativa, geralmente se aplica a técnica de looping.
Continuando com o nosso exemplo do piano, o trecho do ataque do som compreende um conjunto complexo de harmonias que se altera rapidamente com o tempo. Contudo, a mesma waveform repete-se na parte de libertação, diminuindo gradualmente de volume. Podemos, assim, simular a forma como as notas do piano fazem fade out através da repetição de um trecho da nota atenuada e diminuindo progressivamente o seu volume. Os dados de waveforms por detrás do trecho repetido já não seriam necessários e quando esta parte é removida do som "samplado" já não é necessária tanta memória integrada para o seu armazenamento. Se, porém, os pontos de repetição forem posicionados com demasiado espaçamento, devido aos constrangimentos de memória, torna-se difícil replicar as nuances delicadas do instrumento alvo de sampling e os sons daí resultantes não têm a mesma qualidade, soando a mecânicos. Por outras palavras, quando temos mais memória disponível para guardar dados é possível replicar sons mais realistas e com qualidade mais elevada. Para além disso, os ruídos subtis que ocorrem quando se toca um instrumento real - usando o exemplo do piano, os sons dos mecanismos tais como os pedais ou as cordas - também podem ser alvo de sampling, tornando assim a simulação muito mais realista. Com o MOTIF ES foi possível atingir um nível de expressividade musical que as limitações de memória tornavam impossível obter com o MOTIF original, o que melhorou significativamente a qualidade de som do sintetizador, em geral.
Entretanto, uma tecnologia conhecida como Keyboard Mega Voice (Grande Capacidade de Sons de Teclado) fez com que fosse possível tocar instantaneamente todas as nunces de som de um instrumento acústico. Por exemplo, os arpejos ou mutes de uma guitarra anteriormente só podiam ser acedidos individualmente, com base na seleção dos respetivos programas. Mas com o Keyboard Mega Voice foi possível reproduzir estes sons em resposta a velocidades específicas em certas teclas, assim como outros dados do desempenho. Também esta funcionalidade teve um papel decisivo para tornar o MOTIF ES num instrumento musical muito mais expressivo.
Motif ES


Protótipo vermelho: nunca foi lançado








Avanços revolucionários na série MOTIF XS


À medida que a MOTIF ES, modelo de segunda geração, se foi popularizando, e os sintetizadores da série MOTIF se tornaram instrumentos preferidos tanto de músicos amadores como de profissionais, as expectativas em torno dos lançamentos de terceira geração começaram a crescer. A terceira vaga nesta série – a MOTIF XS – disponibilizava mais memória para as waveforms, assim como muitos outros aperfeiçoamentos ao nível de funcionalidades.
Em primeiro lugar, alteramos o sistema operativo usado para gerir os programas integrados no sintetizador. Os sistemas operativos anteriores tinham sido especialmente concebidos para o desenvolvimento de sintetizadores e, por esse motivo, as drivers tinham de ser criadas caso a caso com base nas funções que as ligavam ao computador. Esta prática revelava-se deveras ineficiente e pouco expedita e piorava ainda mais face à necessidade de atualizações sempre o que o sistema operativo de um PC era atualizado. Como solução, experimentamos com sistemas alternativos, como o Linux, originalmente desenvolvido para utilização em computadores. Esta mudança permitiu-nos endereçar problemas conhecidos de compatibilidade e acelerar o ritmo de desenvolvimento. Mais ainda, tornou-se mais simples lançar posteriores atualizações aos OS (Sistema Operativo) que traziam novas funcionalidades para os sintetizadores. Nesta perspetiva, o MOTIF XS quase que poderia ser descrito como um computador com teclado de sintetização integrado.
Com o MOTIF XS foi também possível melhorar consideravelmente a funcionalidade de arpeggiator, agora uma funcionalidade-chave desta família de sintetizadores. Em contraste com anteriores modelos da série MOTIF, em que as escalas eram combinadas com vozes múltiplas, cada uma delas recorrendo a um tipo de arpejo, dispunha-se agora de quatro arpeggiators a trabalhar em paralelo para composições de sequências muito mais complexas. Pode parecer à partida que simplesmente combinar quatro destes elementos de sequências e arpejos poderia não ser tão eficaz do ponto de vista de composição musical, contudo essas dúvidas dissipam-se ao considerarmos a capacidade de atribuir notas de arpeggio a sequências de percussão.
Os sintetizadores MOTIF podem ser tocados em dois modos distintos: modo de Vozes, que permite ao músico focar-se em todas as nuances específicas de um instrumento, tal como o piano ou a guitarra, e o modo de Desempenho, que permite a um número destas Vozes ser combinado em camadas, através do teclado, e reproduzido ao mesmo tempo. Utilizar os quatro arpeggiators da MOTIF XS em modo de Desempenho permite tocar escalas sequenciadas, até quatro vozes, simultaneamente. Se, por exemplo, a primeira destas vozes estivesse definida para bateria, o arpeggiator poderia ser utilizado para tocar um loop de bateria. Poderíamos depois selecionar o Baixo para segunda Voz e o arpeggiator correspondente tocaria sequências de guitarra; entretanto, poderíamos selecionar o piano para terceira Voz, um trecho de suporte seria tocado pelo arpeggiator correspondente. Finalmente, selecionando guitarra para a última voz e ter o seu arpeggiator a tocar uma sequência strumming iria fechar o círculo deste padrão de composição musical.
É importante reter a ideia de que isto não é o mesmo que uma simples programação de uma sequência de fundo com vários elementos: o facto de o padrão ser gerado por arpeggiator significa que este responde instantaneamente às notas que são tocadas. Enquanto que a escala de bateria seria configurada habitualmente para tocar o mesmo loop em contínuo, as outras três vozes poderiam ser alteradas em tempo real com base nas notas tocadas. O MOTIF XS era ainda capaz de identificar acordes com base na pressão exercida sobre as teclas e isto traçou o percurso para gozar de funcionalidades enriquecidas, permitindo ao utilizador tocar sem esforço adicional escalas de fundo complexas com acordes e alterá-las de forma imediata de acordo com as suas preferências.
Claro que muitos dos outros sintetizadores disponíveis na época tinham sequenciadores de padrões com suporte para alterações de acordes, mas o que tornava o MOTIF XS especial era uma abordagem ao som mais realista, que também permitia às próprias sequências serem alteradas com base na velocidade dos dados no teclado. Por exemplo, o padrão de bateria do arpeggiator podia ser configurado para produzir uma variação de embate de pratos e pancada em resposta ao tocar de uma nota acima de certa velocidade (ou intensidade). Isto tornou possível produzir som de pratos de accent ou ritmos sincopados de 8 ou 16 notas durante espetáculos ao vivo. Em vez de mudar para “padrão”, ou outro termo semelhante, a Yamaha manteve-se firme com o termo arpeggiator para descrever esta capacidade de controlar livremente as sequências de samples e vozes de acordo com as preferências do utilizador, e isto tornou-se sinônimo da série MOTIF.

Aperfeiçoamentos sucessivos às funcionalidades de base do MOTIF XF

O atual MOTIF XF foi lançado em 2010, enquanto modelo aperfeiçoado no que diz respeito às funcionalidades-chave do MOTIF XS, lançado três anos antes. A memória disponível para waveforms integradas passou de 355 para 741 MB e este sintetizador vem também equipado com vozes mais criativas e poderosas. Para além disto, foi dado destaque à capacidade de expansão com, por exemplo, suporte para módulos de expansão de memória flash que podem aumentar o sampling disponível, assim como os dados de waveforms, até aos 2 GB. O seu predecessor, o MOTIF XS, também oferecia a possibilidade de expansão de vozes, mas não com recurso a memória flash. Por este motivo, os dados de waveforms adicionados tinham de ser carregados cada vez que o instrumento fosse ligado. Com a introdução de suporte para módulos de expansão de memória flash, vozes novas podem agora ser adicionadas ao MOTIF XF, tão facilmente como se de predefinições se tratassem. Entretanto, os efeitos e várias outras funcionalidades do sintetizador podem ser facilmente atualizados graças a atualizações de software, o que significa que os utilizadores deste equipamento continuam a beneficiar do lançamento de novas funcionalidade sem ser necessário adquirirem novos equipamentos.
Durante o processo de desenvolvimento do MOTIF XS também revimos as funcionalidades básicas de hardware do sintetizador. Muitos componentes internos associados à qualidade do som foram aperfeiçoados e a voltagem da driver para circuitos analógicos também foi aumentada face à do predecessor MOTIF XS. Como resultado, a força e riqueza dos sons foi melhorada significativamente.
Ao fazer bom uso de toda a experiência com sintetizadores acumulada ao longo dos anos, na procura de um equilíbrio perfeito entre conteúdo e tecnologia, a Yamaha apresenta no modelo de quarta geração MOTIF XF os maiores sucessos de toda a série MOTIF conjugados num único instrumento! Desde o seu lançamento, este notável sintetizador tem vindo a tornar-se um instrumento de eleição por parte de muitos músicos de renome. Tendo rapidamente amadurecido durante a primeira década do século XXI, desde o MOTIF original até ao modelo XF, esta série tem vindo a ganhar uma reputação invejável devido à sua facilidade de utilização, som de qualidade e desempenho de excelência. Como tal, o MOTIF ocupa um lugar cimeiro no âmbito dos sintetizadores do tipo workstation. Com uma taxa de adoção por parte de estúdios de gravação, aluguer para tournées e toda uma série variada de outras aplicações que rivaliza com o grande sucesso do DX7, a série MOTIF continua a acompanhar músicos de todo o mundo!

O cruzamento com outros modelos e a série CP

Os lançamentos da Yamaha na década de 2000 não se limitaram à série MOTIF. Com a série MO apresentada em 2005, e com a série MM de 2007, revolucionária e incrivelmente leve, foram apresentados muitos modelos de baixa e média gama de sintetizadores que herdaram muitas das características e tecnologias da série MOTIF. E tal como acontece com o MOTIF, cada série é composta por uma gama alargada de modelos que podem ser tocados e operados da mesma forma, independentemente do seu design ou tamanho do teclado. Esta característica notável significa que uma vez familiarizado com um sintetizador, o músico facilmente consegue dominar a utilização de outro modelo destas séries.
Os sintetizadores da série MOX, assim como a atual série MOKF, vêm equipados com o mesmo arpeggiator de quatro elementos que se encontra no MOTIF XS, permitindo horas de criatividade e divertimento com arpejos inteligentes. Entretanto, a nossa série de sintetizadores compactos MX, destinada a todas as faixas etárias desde a adolescência, apresenta um rico leque de PCM waveforms tiradas diretamente da série MOTIF e até mesmo os modelos de baixa gama obedecem aos mais exigentes padrões de qualidade.
Outro desenvolvimento digno de nota neste período reside no lançamento da série CP de pianos de palco. Recuando ao ano de 1976, quando foi lançado o modelo CP70, esta série esteve suspensa desde o lançamento do CP60M em 1985, mas graças à memória integrada de waveforms de maior capacidade e aos conteúdos de sampling de elevada qualidade da série MOTIF, a Yamaha foi capaz de lançar com sucesso novos modelos no final da década. A série CP original apresentava dois tipos diferentes de instrumentos: um tipo de piano elétrico que recorria a pickups para captar o som real das cordas de piano, e um tipo de piano eletrónico que gerava sons graças a um sistema de circuitos (verificar a página Forerunner of Yamaha Stage Pianos & Analog Synthesizers). Contudo os atuais CP's conjugam a experiência acumulada, aos longo de quatro décadas, destes dois tipos de piano. Iniciando com o CP1, muitos modelos novos foram desenvolvidos como parte deste renascimento da série CP e, tomando como exemplo o atual CP4 STAGE, evoluíram com sucesso para se adaptarem às necessidades da época e das atuações ao vivo. Isto só foi possível graças À decisão da Yamaha, no início da década, de apostar na pesquisa de mercado e fornecer este feedback dos seus clientes ao departamento de desenvolvimento de produtos.



A viagem de 40 anos dos sintetizadores Yamaha

Desde a sua gênese, com o SY-1 lançado em 1974, que a riqueza da tradição dos sintetizadores da Yamaha evoluiu ao longo de várias etapas, tal como a inovação ao nível dos geradores de sons, avanços no âmbito dos interfaces de utilização e enriquecimento de conteúdos. Esta tradição foi agora transmitida ao MOTIF XF WH, lançado, com grande orgulho, em 2014. Nos anos 70 e 80, a Yamaha concentrou a sua atenção nas inovações técnicas no desenvolvimento de componentes fundamentais para os mecanismos de teclado e desvendando os segredos dos geradores de sons. Os desafios dos anos 90 trouxeram uma série de tentativas e erros subjacentes ao objetivo de tentar compreender como tornar o sintetizador num melhor instrumento musical. Durante as últimas décadas, procuramos sempre aperfeiçoar a nossa arte. A série atual MOTIF é muito admirada por músicos de todo o mundo, devido à aplicação do conhecimento prático da Yamaha na criação de sons com a mesma qualidade que o de instrumentos acústicos – um objetivo estabelecido desde o início do desenvolvimento do SY-1 –, e ao nosso compromisso para com a produção de sintetizadores acessíveis aos seus utilizadores, e que evoluiu constantemente durante este percurso. O leque variado de tecnologias e conteúdos aperfeiçoados ao longo destes 40 anos não contribuiu somente para o desenvolvimento do dispositivo eletrônico a que chamamos sintetizador, também ajudou a estimular a criatividade de inúmeros artistas e teve um impacto imensurável na própria música, quer ao nível da gravação, quer do desempenho ao vivo. No futuro, podemos esperar que os sintetizadores da Yamaha continuem a quebrar barreiras na criação de novas formas de música, sempre de mão dada com os artistas e músicos de todo o mundo.


Origem: http://pt.yamaha.com/pt

Yamaha 40 anos de Sitetizadores - Capítulo 4



O sintetizador workstation EX5 foi lançado em 1998. Sucessor do SY99, este modelo de ponta é um verdadeiro exemplo dos sintetizadores dos anos 90 e foi direcionado a músicos profissionais. O sintetizador S80 foi lançado em 1999, apresentando um piano com teclado de 88 teclas que claramente o diferenciava de outros sintetizadores da Yamaha da época. Esta característica, importante para os teclistas, foi muito bem recebida e viria a influenciar o design dos sintetizadores MOTIF que se lhe seguiram.

Capítulo 4: Mudança de Necessidades e Regresso às Raízes

Criação de som intuitivo

Manual de usuário para os modelos CS1x e SY77.
Só por contemplar a capa se percebe a diferença.
Na primeira metade dos anos 90, a Yamaha apresentou uma nova gama de modelos de sintetizadores, equilibrando a sua rica experiência técnica adquirida no âmbito do desenvolvimento dos sintetizadores do tipo workstation e o novo sistema de geração de sons VA. Em contraste à situação vivida nos anos 80, o negócio de sintetizadores da Yamaha passava agora por dificuldades e nunca mais foi possível igualar o sucesso conhecido por modelos como, por exemplo, o DX7. Isto deveu-se, em parte, às mudanças conhecidas pelo mercado de sintetizadores. No passado, os utilizadores sentiam-se mais atraídos pelos modelos com tecnologias inovadoras e os produtos recentes praticamente voavam das prateleiras das lojas. Pelos anos 90, contudo, avanços contínuos ao nível de semicondutores, programação e outras áreas afins levaram a que os utilizadores regulares já não se sentissem entusiasmados simplesmente pelo lado mais tecnológico. Em resultado, os fabricantes focaram a sua atenção noutros aspetos como o design, interfaces de utilização, conceitos de produto e marketing. Este período também se caracteriza por alterações significativas a nível do panorama musical e nas aplicações geralmente dadas aos sintetizadores. No geral, a indústria atravessou uma fase caótica durante esta década.
Emergiu, então, uma nova tendência na indústria dos sintetizadores: o regresso ao sintetizador analógico. Isto não queria dizer que os sintetizadores analógicos dos anos 70 voltassem simplesmente a ser colocados nas prateleiras das lojas. Em vez disso, os produtos que apresentavam sons e utilizavam as técnicas de criação de som semelhantes às do sintetizador analógico – conhecidos como "sintetizadores analógicos virtuais" – começaram a ganhar uma popularidade crescente. Por outras palavras, os utilizadores procuravam instrumentos que pudessem simular os sintetizadores analógicos clássicos mas com recurso às mais recentes tecnologias digitais.
Um número de fatores contribuiu para esta popularização do sintetizador analógico virtual, mas um dos mais significativos consistiu na incapacidade de criar sons de forma intuitiva recorrendo aos sintetizadores digitais da altura. Instrumentos como o DX7 tinham tão poucos interruptores, botões e controladores quanto possível, deixando ao músico a pesquisa através de variados menus para obter as alterações desejadas numa miríade complexa de parâmetros de som. Foi desenvolvido software para edição que permitia trabalhar os sons recorrendo a um interface gráfico, mas esta abordagem estava longe do ideal para um desempenho ao vivo, onde o tom, timbre e outras características do som precisavam de ser controladas na hora. Assim que os filtros digitais desenvolvidos nos anos 90 se tornaram globalmente aceites, os engenheiros de som começaram a regressar aos seus parâmetros de cutoff e ressonância familiares, responsáveis pela criação do som único e próprio do sintetizador analógico. E ao contemplar também o ataque, decaimento e sustentação e parâmetros de controlo do oscilador, mais ênfase ainda se coloca na capacidade de manipular diretamente os parâmetros da mesma forma que se fazia nos sintetizadores da década de 70. A par disto, no mundo da dance music os DJs começaram a entusiasmar audiências ao tocar em tempo real, recorrendo a filtros integrados nas mesas de misturas, desenhados para as suas necessidades específicas, o que intensificou ainda mais a procura de sons poderosos, com base em filtros, com o cutoff e ressonância na sua raiz.
Em resposta a esta procura do mercado, a Yamaha lançou o Sintetizador e Controlador CS1x, em 1996. Um instrumento compacto e leve, numa refrescante cor azul, que apresentava um controlador em forma de rotário para uma rápida seleção dos parâmetros editáveis, assim como oferecia toda uma série de outras funcionalidades inovadoras e nunca antes vistas em sintetizadores da Yamaha. Muitas destas encontravam-se perfeitamente adequadas às necessidades de controlo de som da época: um exemplo perfeito seriam os botões controladores de som para uma rápida utilização de parâmetros chave como o cutoff e a ressonância. Mais ainda, este instrumento foi um dos primeiros com arpeggiator integrado, permitindo ao utilizador criar frases musicais complexas simplesmente pela pressão de uma tecla do teclado. Antes disto, o sintetizador era entendido como um instrumento de teclista, algo que só poderia ser tocado por pianistas talentosos. Este arpeggiator, contudo, tornou possível a quase qualquer pessoa tocar um sintetizador. O CS1x também se distinguiu pela forma como era possível conciliar o uso do arpeggiator e botões controladores de som para obter desempenhos criativos e inspirados que não precisavam de conhecimentos de teclista avançados.
CS1x

Um verdadeiro sintetizador analógico virtual


O CS1x e outros sintetizadores similares foram um sucesso junto dos clientes ao tornar a criação de som um processo simples de entender e por fornecerem a capacidade de controlar em tempo real os parâmetros de som mais importantes. Entretanto, o som do sintetizador analógico tornou-se cada vez mais importante para a música techno e para outras formas de dance music e música eletrónica. Em resultado destes fatores, cresceu a procura por sintetizadores digitais que pudessem reproduzir os sons dos analógicos. Outros fabricantes de instrumentos também lançaram vários modelos de sintetizadores modulares analógicos e começaram, também, a aparecer sintetizadores com base em software que empregavam a abordagem de modelagem analógica.
Em 1997, um ano após o lançamento do CS1x, a Yamaha introduziu o AN1x, um modelo digital otimizado para utilização enquanto sintetizador analógico. Isto foi possível graças à modelação física analógica, uma tecnologia inovadora que simulava até as características mais subtis mas únicas das ondas de som produzidas pelos osciladores dos sintetizadores analógicos, e a forma como ligeiras instabilidades nos seus sistemas elétricos afetavam o som. Apesar do seu design digital, este verdadeiro sintetizador analógico virtual fazia valer o seu lugar de instrumento, face a outros numa banda, e foi por isso mesmo muito bem recebido. Entretanto, de forma a tornar o CS1x mais adequado a desempenhos ao vivo, aumentou-se o número de controladores de som para oito, face aos seis do CS1x, e juntou-se-lhe um controlador deslizante, na vertical ou horizontal, vulgarmente chamado de fader.
As peças sintetizadas que obtiveram enorme sucesso a meio da década de 90 tinham todas em comum bancos de sons graças à adoção em larga escala do GM*1, XG e outras tecnologias semelhantes. Isto significava que conseguiam reproduzir os sons de instrumentos acústicos, tal como bateria ou piano, e a maioria podia ser utilizada para produzir arranjos completos sem necessidade de recorrer a outros dispositivos. Em contraste, os investigadores da Yamaha arriscaram intencionalmente omitir o suporte a esta funcionalidade com o modelo CS1x, de forma a poder aperfeiçoá-lo enquanto simples sintetizador para performance.
  • *1: O standard General MIDI (GM) foi desenvolvido de forma a assegurar a compatibilidade entre os sons produzidos por diferentes sintetizadores. Os instrumentos compatíveis com este standard têm um conjunto predefinido de 128 sons específicos, tais como piano e guitarra, para além de todas as vozes para um set de bateria completo. Como tal, qualquer gerador de sons GM pode reproduzir dados de músicas em formato MIDI gerados a partir dum sintetizador de outro fabricantes e mesmo assim conseguir os mesmos resultados de som.

Catálogo do CS1x (edição em língua Inglesa).

Melhorar o desenvolvimento de produtos com base em pesquisa de mercado


ANX1
Graças à crescente popularidade da Internet no final dos anos 90, os utilizadores de sintetizadores podiam aceder instantaneamente a informação de todo o mundo e isso contribuiu para diversificar as aplicações na utilização de sintetizadores. Na nossa indústria, tornou-se extremamente importante assegurar as necessidades e compreender melhor os comportamentos dos utilizadores de sintetizadores através da pesquisa de mercado e moldar em função dessa informação o desenvolvimento de produtos. Enquanto que isto incluía certamente melhorias aos sistemas de geradores de sons, teclados e outro hardware, uma atenção especial começou também a ser dedicada ao design estético e cor dos sintetizadores, como eram usados após a sua aquisição, e muitos outros fatores. Entretanto verificou-se uma necessidade cada vez maior de simplificar a compreensão das características e funcionalidades dos sintetizadores para os seus utilizadores, especialmente para os principiantes. Nesta perspetiva, as mudanças que a indústria dos sintetizadores na época atravessava são bastante significativas, considerando os seus manuais de utilização. Basta olhar para as capas para se verificar a evolução conhecida nos manuais de utilização, muito mais modernos e contemporâneos do que eram na época da série SY.
No começo da última metade dos anos 90, começámos a reportar às equipas de desenvolvimento de produto os resultados da pesquisa de mercado anteriormente realizada. Introduzido em 1998, o sintetizador workstation de ponta EX5 reunia todos os esforços da Yamaha desenvolvidos nessa década.
A seguir ao lançamento da série SY, a Yamaha reorganizou a sua linha de sintetizadores – à exceção dos modelos VL1 e VP1 – para se focar em modelos de gama baixa, apostando na relação qualidade-preço, de forma a apelar a um novo público-alvo de consumidores. Ou seja, não foi apresentado nenhum sintetizador focado numa audiência profissional que merecesse o título de sucessor do SY99 durante esse período, realidade alterada com a chegada do EX5.
O motor de som deste sintetizador apresentava: um gerador de sons AWM2, o primeiro da Yamaha a oferecer polifonia de 128 notas; um gerador de sons de modelação física VA, tal como aquele que foi desenvolvido para o VL1; o popular gerador de sons analógico virtual AN do modelo AN1x; um gerador de sons com Formulated Digital Sound Processing (FDSP), recentemente desenvolvido para permitir um controlo DSP do pitch e de outros itens individuais dos dados de notas; e um sistema de sampling integrado e flexível. Este poderoso sintetizador incorporava praticamente todas as tecnologias aperfeiçoadas até à data, com destaque para os controladores, que foram significativamente melhorados como, por exemplo, com a introdução do painel de 3 rodas combinando a roda de pitch bend com duas rodas para controlar modulação, assim como pelo fader. Contudo, todas estas melhorias introduzidas no EX5 iam muito para além da teoria e o som do instrumento refletia verdadeiramente os resultados da pesquisa efetuada. Conseguia ainda produzir os sons de baixos que tinham sido alvo de grandes elogios com o AN1x, permitindo ao EX5 oferecer sons únicos e com uma riqueza nunca antes alcançada.

Desenvolvimento em simultâneo de novos sistemas de geradores de sons

Após a introdução dos geradores de sons de modelação física, com os modelos VL1 e VP1, a Yamaha trabalhou também em paralelo no desenvolvimento de outros tipos de geradores, tal como o gerador de sons analógico virtual AN para o modelo AN1x e no gerador de sons FDSP encontrado no modelo EX5. Um dos resultados mais notórios deste esforço de desenvolvimento foi o gerador de sons revolucionário: Formant Synthesis (FS). Os motores FDSP e FS representaram ambos avanços consideráveis no âmbito das tecnologias conhecidas de geradores de sons, mas em especial o gerador de sons FS com base em tecnologia FM foi alvo de grande apreço, devido à abordagem inovadora na produção de som combinando fontes, ou seja, segmentos característicos da voz humana. A sua implementação no FS1R foi impulsionada por geradores de sons FM com oito operadores, e graças a funcionalidades como a compatibilidade retrovertida com vozes do DX7, rapidamente ganhou a reputação de um fabuloso tesouro perdido.
O gerador de sons FS usa elementos fonéticos como parâmetros de vozes e, como seria de esperar, isto permite-lhe produzir sons semelhantes aos da fala humana. Na altura do seu lançamento, a Yamaha já comercializava uma placa plug-in, designada PLG100-SG, como módulo de expansão sonora para música de desktop (DTM). Esta placa causou um grande impacto no mercado Japonês da época, com a sua capacidade de reproduzir letras de músicas introduzidas em Japonês. Apesar de os produtos da atual série Vocaloid também reproduzirem letras, este sintetizador fazia muito mais na altura em que foi lançado, com um design totalmente diferente. Esta é mais uma evidência do espírito empreendedor dos engenheiros investigadores da Yamaha, nunca negligenciando a inovação técnica, mesmo quando confrontados com condições difíceis que requeriam dar prioridade aos interesses do mercado acima de tudo o resto.



CSX6

Os resultados da pesquisa de mercado

Slots de expansão CSX6
Em seguimento à série SY, a Yamaha lançou vários produtos que combinavam uma variedade de tecnologias num esforço de oferecer as funcionalidade ideais para as várias aplicações e necessidades dos seus utilizadores. Contudo, na ausência de um grande sucesso como o DX7, os anos 90 caracterizaram-se como um período difícil para o negócio dos sintetizadores. A luz ao fundo do túnel chegou, finalmente, na forma de dois modelos lançados em 1999: o CS6x e o S80.
Poderíamos assumir, com base no seu nome, que o CS6x vem da mesma família que o Sintetizador e Controlador CS1x, mas na verdade foi desenvolvido como um instrumento de palco. O aspeto diferenciador mais notório foi o esquema de cores. Ao contrário da norma até à data de corpos de sintetizadores geralmente em preto ou azul-escuro, o CS6x era prateado. Naturalmente que a Yamaha já tinha lançado produtos de cores mais vivas antes deste modelo, mas em prateado somente no caso de edições limitadas ou especiais, geralmente com um "S" adicionado ao nome do modelo. Esta foi a primeira vez que a empresa lançou um sintetizador exclusivamente em prateado.
Este sintetizador produzia sobretudo sons PCM recorrendo ao gerador de sons AWM2 integrado, mas também podia ser expandido recorrendo a duas placas plug-in de gerador de sons adicionais que ofereciam aos utilizadores acesso a VL, AN, FM e outros motores sonoros. De forma a apelar ao ambiente musical de discotecas, pedimos a engenheiros de som europeus de renome para desenvolver as vozes predefinidas. Como tal, o CS6x satisfazia na perfeição as necessidades de mercado, tanto em termos de hardware como de software. Graças aos sons ricos herdados do EX5, um sistema inovador de plug-in, a forma simples como permitia trabalhar o som e a coloração produzida permitiu-lhe destacar-se ao vivo, fazendo com que este sintetizador se tornasse muito popular, especialmente na Europa.
Enquanto que o CS6x foi desenvolvido tendo em vista o mercado Europeu, a Yamaha incorporou grande parte do feedback recebido da América do Norte no modelo S80. Por exemplo, a qualidade dos sons de piano essencial para um teclista sério foi significativamente melhorada e com 88 teclas o teclado deste sintetizador era tão comprido como o de um piano verdadeiro. Esta e outras funcionalidades inovadoras marcaram uma nova era para os sintetizadores da Yamaha.
Como mais uma forma de assegurar a satisfação das necessidades principais dos músicos, escolhemos o design AE*2 para o teclado, porque oferecia a mesma sensação que um piano verdadeiro e era especialmente adequado para tocar sons de órgão e sintetizador. No panorama musical da época, os sintetizadores eram mais usados para sons de piano no contexto de um grupo musical ou de uma sessão de jazz, apesar de os teclistas também recorrerem frequentemente a órgãos, cordas e outras vozes do género. Como tal, as características do S80 eram bastante apropriadas às necessidades do mercado e tornavam-no especialmente desejado junto de vários grupos de utilizadores, nomeadamente entre os músicos profissionais.
É um conceito globalmente reconhecido que todos os sintetizadores básicos (com exceção dos modelos portáteis) apresentam o seu pitch bend e botões circulares de modulação à esquerda do teclado. No S80, contudo, estes foram movidos para o painel de topo frontal, tornando possível reduzir o comprimento do instrumento para poder oferecer um teclado de 88 teclas – uma modificação que tomou em consideração o facto de muitos teclistas americanos na época transportarem os seus sintetizadores nas malas dos carros, o que tornava o comprimento um fator importante na seleção do instrumento. Não teríamos sido capazes de ir ao encontro desta necessidade se não tivéssemos empreendido a pesquisa de consumo junto do mercado Americano.
O CS6x e o S80 tiveram um grande impacto na forma como a Yamaha viria a desenvolver sintetizadores na década seguinte, no século XXI. Por exemplo, o design prateado do CS6x teve um grande impacto na seleção de cores para a futura série MOTIF, e o sucesso do S80 como uma alternativa viável a pianos verdadeiros influenciou a nossa decisão de configurar a linha de produtos de sintetizadores à imagem do piano, enquanto que o MOTIF6 e o MOTIF7 já apresentavam uma estética próxima dos sintetizadores precedentes. Apesar de ser inegável o esforço dedicado pela Yamaha aos sintetizadores durante a década de 90, as abordagens inovadoras adotadas para o CS6x e o S80 revelaram qual o caminho a seguir nos anos seguintes.
  • *2: O teclado do AE é altamente expressivo mas subtil, tornando-o ideal tanto para tocar piano como para produzir sons sintetizados ou dar concertos rock. Apesar de também suportar aftertouch, é perfeitamente indicado para ser usado como teclado principal.

  • Origem: http://pt.yamaha.com/pt